Carlos José Arruda
Professor







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Artigos e Opiniões - Harmonização

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10-junho-18   CARLOS ARRUDA

Arquiteto, web designer, enófilo, professor, intérprete francofone, consultor comercial e autor de artigos sobre vinhos, criador e diretor do site Academia do Vinho.

Os primeiros ventos frios do inverno anunciam a chegada da estação mais glamorosa do ano: é o momento de usar aqueles belos casacos comprados fora do país, que ficaram guardados por muito tempo. As mulheres aproveitam para exibir charmosas botas, pullovers coloridos, cachecóis e outros itens típicos.

Na imprensa são revividas as tradicionais matérias sobre vinhos e queijos, ambientadas com lareiras, chalés e outros elementos bem europeus.

Sim, inverno é tempo de vinho, a estação nos aproxima do clima europeu, e do seu maior símbolo, o vinho.

Nós, habitantes tropicais, queremos aproveitar o cada vez mais curto período de baixas temperaturas para embarcar na gastronomia de inverno, com fondues, goulashs, caldos e, com certeza, muitos vinhos.

Inegavelmente é mais gostoso tomar vinhos com o clima mais frio, combinar tintos poderosos com os pratos típicos, reunir amigos para esse saboroso momento.

Quero então compartilhar com você algumas dicas e também algumas questões, explorando o frio.

- Sempre me dizem que o calor do Brasil pede uma cerveja gelada, é nossa tradição, mas cabe lembrar que a cerveja foi inventada num freezer chamado Alemanha, onde é bebida ao natural, e que na quente e seca Espanha bebem-se vinhos tintos poderosos o tempo todo... Não vai aqui nenhuma crítica, quero mostrar apenas que tudo é uma questão de cultura.

- O aconchegante ritual do fondue na Suíça (outra geladeira) é acompanhado por vinhos brancos frescos, que combinam melhor com os queijos em ligar dos tintos que imaginaríamos. Aqui fala mais alto o casamento gastronômico, não o frio. Ficou em dúvida? Junte os amigos, abra duas garrafas e faça uma pesquisa de satisfação entre os presentes, o que acha?

- Nas noites frias, aproveite para preparar suculentas receitas à base de vinho, como boeuf bourguignon, goulash, ossobuco, coq au vin, cabrito assado, e acompanhe com belos Brunellos, Bordeaux, Amarones, Malbecs, Cabernets, Merlots. O sono será com certeza mais aconchegante.

- Nada de radicalismo: Os aperitivos e petiscos podem sim contemplar bons espumantes ou vinhos brancos, frescos e convidativos. Afinal, o tão famoso Champagne é produzido e prazerosamente consumido numa das regiões mais frias da França...

- Queijos e vinhos, uma ideia presente no pensamento brasileiro de inverno, são uma boa combinação, mas o que isso tem a ver com o inverno? Não muito, pois uma parte dos queijos casa melhor com vinhos brancos (servidos gelados) como parmesão, cabra, manchego, holandeses, e outros. Para os vinhos tintos os queijos indicados são os moles, como Brie, Camembert, Roquefort, Gorgonzola, Camembleue, Boursin, Bourseau. Conclusão: queijos e vinhos vão bem o ano todo.

- Já que falamos disso, vai aqui uma curiosidade: os franceses comem queijos ao final da refeição, antes da sobremesa, geralmente bem maduros, ou afinados, já experimentou?

- Impossível não lembrar que o frio, uma bela garrafa e a companhia da pessoa amada combinam muito bem...

Com essas considerações quero apenas ressaltar que o vinho é um companheiro constante, em qualquer época do ano, pois sua variedade nos permite sempre escolher o vinho ideal para cada momento.

Mas que nesse friozinho uma taça de vinho tem seu lugar, não há dúvida!

Referências

Fonte: Artigo publicado pelo mesmo autor na Revista Verdemar em maio de 2014

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