A Alsácia situa-se na região nordeste da França, entre as cidades de Strasbourg, ao norte, e Moulhouse, ao sul, na fronteira com a Alemanha, da qual é separada pelo rio Reno (Rhin), que faz a divisa entre os dois países. É uma região muito peculiar histórica e enologicamente, pois foi território alemão por várias vezes nos séculos X, XVII, XIX e XX.

A região vinícola da Alsace possui 3 sub-regiões:

Ao contrário das outras regiões vinícolas da França, a Alsácia não possui uma classificação com divisões em sub-regiões ou locais de produção: só existe uma AOC geral - Alsace - e mais recentemente (1983) foi criada a AOC Alsace Grand Cru, com 25 vinhedos demarcados, ampliada em 1992 com mais 25 vinhedos e em 2007 com mais um, totalizando 51 Crus.

Também foi separada a AOC Crémant d`Alsace, um dos espumantes mais prestigiados da França, depois do Champagne.

Outra grande diferença é que os vinhos alsacianos em sua maioria absoluta são varietais, isto é, são elaborados com um só tipo de uva, com predomínio das brancas.

A Pinot Noir é praticamente a única variedade tinta e dá bons tintos e rosés.

São também utilizadas outras poucas variedades não típicas da região como Chardonnay, Auxerrois e Tokay d`Alsace (nenhuma relação com o vinho húngaro Tokaji).

Na viticultura, práticas centenárias adaptadas ao clima continuam sendo utilizadas: As plantas têm condução mais alta, afastando os galhos e folhas do chão, o que limita os efeitos das geadas e favorece a insolação.

Com essa configuração, os vinicultores mantém uma diversidade natural de ervas no solo, o que protege contra erosão, ajuda a reter a água, escassa na região, e favorece o aprofundamento das raízes.

Aqui também são comuns as práticas de sustentabilidade, cultura biológica e biodinâmica.

O volume de produção é naturalmente menor que em outras regiões da França, devido ao clima, o que resulta em vinhos muito expressivos e também preços mais altos.

Os vinhedos da Alsácia estão posicionados nas vertentes do Massif des Voges (maciço), distribuídos em uma sucessão de colinas, com altitudes entre 200 e 400 metros.

Essa situação protege os vinhedos das influências oceânicas, resultando em uma das menores pluviometrias da França, cerca de 600-650 mm por ano, constituindo um terroir bastante particular, com baixo risco de doenças das plantas e consequentemente menor tratamento agrícola.

O clima é semi-continental ensolarado, quente e seco, com invernos frios bem marcados.

A exposição dos vinhedos fica entre sul e sudeste, o que somado à condução mais alta das vinhas oferece um volume de insolação máximo para o território.

A diferença de temperatura entre o dia e a noite proporciona uma maturação lenta e prolongada, o que favorece as variedades brancas, sua grande expressão, em vinhos frutados e complexos, com acidez madura que aponta para uma boa longevidade.

Existem quatro denominações especiais que podem ser encontradas nos rótulos alsacianos:

Vendange Tardive

Vinho geralmente doce, mais alcoólico, feito com uvas de colheita tardia (equivalente ao Spätlese alemão).

Séletion de Grains Nobles

Vinho fino de sobremesa, doce e mais alcoólico, elaborado a partir de grãos selecionados de uvas hiperamadurecidas e botritizadas (equivalente ao Beerenauslese e ao Trockenbeerenauslese alemães).

Edelzwicker

Literalmente, significa mistura nobre e indica que o vinho é feito a partir de um corte de Gutedel (Chasselas) com Pinot Blanc ou Silvaner e um pouco de variedades aromáticas (Gewürztraminer e Muscat).

Crémant d`Alsace

Vinho espumante feito a partir de corte com uvas típicas da região ou outras como a Chardonnay, a Pinot Noir, a Auxerrois.

ALSACE GRAND CRU

Existe desde 1983 uma denominação para os vinhos da mais alta qualidade, a Appellation Alsace Gran Cru que, no entanto, não é um índice confiável de alta qualidade, pois por seu caráter político incluiu produtores medíocres e deixou de fora alguns bons produtores.

Também vários produtores não quiseram aderir a essa nova AOC, então não se pode dizer que esta AOC é sempre superior em qualidade.

Assim, como no rótulo de um vinho alsaciano constam apenas a AOC Alsace, o nome da variedade da uva do qual é feito e o nome do produtor, esse último é o fator decisivo na escolha de um vinho alsaciano.

Atualmente a associação de produtores mostra um retorno à valorização do terroir, o que pode gerar melhorias futuras nessa classificação.

Um Grand Cru d`Alsace é um vinho branco AOC produzido sobre certas parcelas de vinhedos consideradas de qualidade superior devido às melhores condições de insolação, estão sujeitas a regras de produção muito mais rigorosas e podem utilizar apenas a 4 variedades consideradas `nobres` - Riesling, Muscat, Pinot Gris et Gewurztraminer.

São ao todo 51 denominações, que revelam o nome do vinhedo, localizadas em 47 comunidades. No rótulo aparece sempre a distinção Alsace Grand Cruseguida do nome do vinhedo.

Os 51 Grands Crus da Alsácia

Grand Cru Altenberg de Bergbieten

Grand Cru Altenberg de Bergheim

Grand Cru Altenberg de Wolxheim

Grand Cru Brand

Grand Cru Bruderthal

Grand Cru Eichberg

Grand Cru Engelberg

Grand Cru Florimont

Grand Cru Frankstein

Grand Cru Froehn

Grand Cru Furstentum

Grand Cru Geisberg

Grand Cru Gloeckelberg

Grand Cru Goldert

Grand Cru Hatschbourg

Grand Cru Hengst

Grand Cru Kaefferkopf

Grand Cru Kanzlerberg

Grand Cru Kastelberg

Grand Cru Kessler

Grand Cru Kirchberg de Barr

Grand Cru Kirchberg de Ribeauvillé

Grand Cru Kitterlé

Grand Cru Mambourg

Grand Cru Mandelberg

Grand Cru Marckrain

Grand Cru Moenchberg

Grand Cru Munchberg

Grand Cru Ollwiller

Grand Cru Osterberg

Grand Cru Pfersiberg

Grand Cru Pfingstberg

Grand Cru Praelatenberg

Grand Cru Rangen

Grand Cru Rosacker

Grand Cru Saering

Grand Cru Schlossberg

Grand Cru Schoenenbourg

Grand Cru Sommerberg

Grand Cru Sonnenglanz

Grand Cru Spiegel

Grand Cru Sporen

Grand Cru Steinert

Grand Cru Steingrübler

Grand Cru Steinklotz

Grand Cru Vorbourg

Grand Cru Wiebelsberg

Grand Cru Wineck-Schlossberg

Grand Cru Winzenberg

Grand Cru Zinnkoepflé

Grand Cru Zotzenberg

A história da vinicultura na Alsácia passa pelas influências germânicas e romanas, os primeiros a explorar o território.

Posteriormente, a produção de vinhos foi revivida pelos Merovíngeos e Carolíngeos, atingindo um total de 160 localidades produtoras pelo século 9, atingindo um grande prestígio em toda a Europa durante a Idade Média.

Esse trabalho continuou através do tempo, graças às particularidades e à qualidade constante do território, com propriedades pertencentes às mesmas famílias por séculos.